O presidente Lula intensificou a articulação internacional para enfrentar o tarifaço imposto por Donald Trump, ligando para o presidente chinês, Xi Jinping, na noite de segunda-feira (11). O contato faz parte de uma estratégia de buscar apoio dos países do Brics e fortalecer a defesa do multilateralismo.
Além da China, Lula já conversou com líderes da Índia e Rússia, e planeja contato com a África do Sul. O governo prepara um pacote de medidas para ajudar empresas brasileiras atingidas pelas tarifas dos EUA.
Conversas diplomáticas e papel do Brics
Durante a ligação de cerca de uma hora entre Lula e Xi Jinping, ambos destacaram a importância do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo e manifestaram disposição em ampliar oportunidades de negócios entre Brasil e China. Segundo nota da agência de notícias do governo chinês, Xi Jinping afirmou estar disposto a trabalhar com o Brasil para estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global, além de apoiar a defesa da soberania brasileira.
A China é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por quase 30% das exportações nacionais. Entre janeiro e julho, as vendas brasileiras ao mercado chinês superaram 57 bilhões de dólares.
Nos últimos dias, Lula também fez contato com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O próximo passo será uma ligação ao presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reforçando a articulação junto aos membros do Brics.
Medidas de apoio às empresas brasileiras
Enquanto busca respaldo internacional, o governo federal finaliza um pacote de medidas para mitigar os impactos do tarifaço sobre as empresas brasileiras. Em entrevista à BandNews, Lula adiantou que o pacote incluirá uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, com foco em pequenos negócios, além de compras governamentais, especialmente de itens perecíveis.
O presidente afirmou que o governo está sendo criterioso para evitar que empresas sem exportação para os Estados Unidos se beneficiem indevidamente das medidas. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou que o impacto orçamentário será mínimo e que há uma análise detalhada para garantir que apenas empresas realmente afetadas sejam contempladas.
“O MDIC está separando empresa por empresa dentro de cada setor. Por exemplo, o setor de pescados é um dos mais atingidos, mas não todo o setor vai ser beneficiado, porque tem empresa que não exporta, tem empresa que exporta, mas não exporta para os Estados Unidos, tem empresa que exporta para os Estados Unidos, mas já está redirecionando a sua produção. Então nós estamos sendo criteriosos, até porque é dinheiro público. Posso falar pela parte do orçamento que vai ser no limite mínimo mesmo, mas também com a preocupação de não deixar nenhuma empresa prejudicada para trás”, explicou Tebet.
O anúncio oficial do pacote de ajuda está previsto para amanhã, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.