Comerciantes brasileiros em Framingham, Massachusetts, enfrentam queda nas vendas e medo crescente devido ao endurecimento das políticas anti-imigração nos Estados Unidos.
A deputada estadual Priscila Sousa, que imigrou ainda criança, destaca o impacto emocional e econômico na comunidade, que soma cerca de 8 mil brasileiros.
Empresários relatam ansiedade, depressão e até semanas sem clientes, enquanto Priscila reforça a importância da representatividade política para defender os direitos dos imigrantes.
Impactos econômicos e emocionais na comunidade
Ao caminhar pelo centro de Framingham, nota-se a presença marcante de negócios brasileiros, como padarias, mercados e salões de beleza. No entanto, o ambiente é de apreensão: comerciantes relatam que o movimento caiu drasticamente, com uma loja registrando queda de até 40% nas vendas.
Segundo Priscila Sousa, “a clientela de muitos desses comércios é brasileira. O povo está com medo de sair de casa. O comércio caiu, está difícil. Tem sido uma luta para os donos de empresas”. Um comerciante acrescenta: “Tem semana que some todo mundo. Muitos não estão trabalhando, estão guardando dinheiro, com medo”. Outro relata dias inteiros sem clientes, descrevendo o centro como abandonado.
Além do prejuízo financeiro, os efeitos emocionais são evidentes. “Muitos clientes aqui na loja relatam ansiedade, depressão. A gente percebe uma grande aflição”, afirma uma empresária local.
Representatividade e defesa dos imigrantes
Durante a visita à cidade, Priscila Sousa relembra sua trajetória de imigrante e mostra o prédio onde morou com a família quando ainda era indocumentada. Ela comenta sobre uma abordagem policial recente envolvendo um brasileiro, dizendo: “Aquilo partiu meu coração. Me coloquei no lugar daquela pessoa. Quando morávamos aqui, também éramos indocumentados. Foi difícil olhar para a situação como deputada e não como imigrante”.
Desde 2022, Priscila atua na defesa dos direitos dos imigrantes na Câmara dos Deputados de Massachusetts. Em abril de 2025, ela discursou contra políticas do ex-presidente Donald Trump, criticando medidas mais rígidas: “Existe essa narrativa de que é uma questão de segurança pública. Mas quando pegam pessoas sem antecedentes criminais, que pagam impostos, que estão com os documentos em dia, isso não é segurança pública. O povo está sendo caçado”.
Para Priscila, sua experiência pessoal fortalece sua atuação política: “Ser imigrante é um espaço que eu posso ocupar com propriedade. As regras parlamentares eu posso aprender, mas ninguém vai me ensinar a ser imigrante”.