Jair Bolsonaro declarou nesta quinta-feira (17) que é inocente em relação à acusação de tentativa de golpe, após parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à sua condenação.
O ex-presidente afirmou que a possibilidade de prisão “não passa pela [sua] cabeça” e defendeu que seu filho Eduardo permaneça nos Estados Unidos, alegando risco de prisão caso retorne ao Brasil.
Bolsonaro também comentou sobre o tarifaço de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros e abordou a relação entre Eduardo e o governador paulista Tarcísio de Freitas.
Durante coletiva de imprensa no Senado, Jair Bolsonaro respondeu ao parecer da PGR, que reiterou na segunda-feira (14) o pedido de condenação do ex-presidente por crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Caso condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro pode enfrentar mais de 40 anos de prisão.
Questionado sobre o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato para morar nos Estados Unidos alegando perseguição, Bolsonaro afirmou: “Se Eduardo vier para cá, ele está preso. Ou não está? Pelo que eu sei, ele não vem pra cá. Vai ser preso no aeroporto”. O prazo da licença de Eduardo termina no próximo domingo (20), e, se não retornar, pode perder o mandato caso atinja um terço de faltas nas sessões da Câmara. Apesar das declarações, não há ordem de prisão contra Eduardo no Brasil, embora parlamentares adversários tenham feito pedidos ao STF, que não avançaram.
Tarifas dos Estados Unidos e repercussão política
Bolsonaro também comentou sobre a tarifa adicional de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Trump justificou a medida citando perseguição contra Bolsonaro por autoridades brasileiras. O ex-presidente minimizou o impacto da tarifa, afirmando que não representa ameaça à soberania nacional. “Vamos supor que Trump queira anistia. É muito? É muito, se ele pedir isso aí? A anistia é algo privativo do parlamento. Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional”, declarou. Ele ainda criticou a negociação do governo brasileiro com a Casa Branca.
Relação de Eduardo Bolsonaro com Tarcísio de Freitas
Bolsonaro buscou amenizar a tensão entre Eduardo e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que procurou o corpo diplomático norte-americano para tratar das tarifas. Eduardo havia criticado Tarcísio por suposta “subserviência às elites” ao defender interesses nacionais. “Louvo Tarcísio por tentar negociar. Mas uma pessoa apenas não é suficiente. Tá na cara que ele [Trump] não vai ceder”, concluiu Bolsonaro.