O Supremo Tribunal Federal marcou para 24 de julho o interrogatório de sete réus acusados de integrar um núcleo estratégico de desinformação em uma trama golpista. As intimações foram enviadas após o fim das audiências das testemunhas de defesa nesta quarta-feira (16).
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o grupo teria promovido ataques virtuais e disseminado notícias falsas sobre o processo eleitoral, visando instabilidade e ruptura institucional.
Detalhes das acusações e perfis dos réus
Os sete integrantes do chamado núcleo 4 respondem por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos), golpe de Estado (4 a 12 anos), organização criminosa (3 a 8 anos), dano qualificado (6 meses a 3 anos) e deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).
Perfis dos acusados
Ailton Barros, ex-major do Exército, teria recebido orientações de Braga Netto para atacar e pressionar comandantes militares e disseminar informações falsas contra o general Tomás Paiva.
Ângelo Denicoli, major da reserva do Exército, teria participado da preparação de material com notícias falsas sobre o sistema eleitoral, integrando grupo focado em fraudes nas urnas eletrônicas.
Carlos Rocha, engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal, liderou auditoria das urnas eletrônicas a pedido do PL, originando relatório base para contestação das eleições de 2022 no TSE.
Giancarlo Rodrigues, subtenente do Exército, seria membro da chamada Abin Paralela, atuando em pesquisas de opositores no sistema First Mile para fins políticos.
Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército, teria criado e propagado conteúdos falsos sobre o Judiciário e as eleições, ampliando o sentimento de desconfiança popular.
Marcelo Bormevet, agente da Polícia Federal e ex-membro da Abin, também integrava a Abin Paralela, indicando alvos para pesquisas políticas no sistema First Mile.
Reginaldo Vieira de Abreu, coronel da reserva do Exército, teria atuado na manipulação do relatório das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral, sugerindo reuniões à margem da legalidade.
O papel da PGR e próximos passos
A PGR sustenta que todos os réus estavam cientes do plano maior da organização e da eficácia das ações para promover instabilidade social e ruptura institucional. Segundo o órgão, as provas reunidas, como trocas de mensagens e relatórios, demonstram a articulação do grupo para influenciar a opinião pública e atacar instituições.
Com o encerramento da fase de oitiva de testemunhas, o interrogatório dos acusados representa etapa decisiva do processo. A expectativa é que, após os depoimentos, o STF avance para as alegações finais e posterior julgamento dos envolvidos.
O caso é acompanhado de perto por autoridades e pela sociedade, dada a gravidade das acusações e o envolvimento de militares e agentes públicos em estratégias de desinformação e ataques virtuais a instituições democráticas.