O governo Lula avalia que as big techs têm peso maior que Bolsonaro ou Brics na decisão de Trump de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Segundo interlocutores do Planalto, a medida visa pressionar o STF, que discute regulação das redes sociais, e está ligada ao interesse dos EUA em energia de Itaipu para data centers.
Motivações para o tarifaço de Trump
Interlocutores próximos ao presidente Lula consideram três hipóteses para explicar o aumento da tarifa anunciado por Donald Trump: influência do ex-presidente Bolsonaro, questões relacionadas ao grupo Brics e a atuação das big techs. Embora não descartem que possa ser uma combinação dos fatores, a percepção predominante no Planalto é de que as gigantes de tecnologia são o principal motivo.
De acordo com um assessor, Bolsonaro seria apenas um “boi de piranha” para justificar os ataques de Trump ao Brasil e, especialmente, ao Supremo Tribunal Federal. A estratégia de Trump, ao anunciar a tarifa de 50%, teria como alvo o STF, que discute a regulação das redes sociais diante da falta de ação do Congresso.
EUA e energia de Itaipu
Outro elemento relevante é o interesse dos Estados Unidos na energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu. O governo norte-americano busca utilizar essa energia para alimentar data centers dedicados à inteligência artificial, setor dominado pelas big techs.
Crise Brasil-Paraguai e espionagem
A crise recente entre Brasil e Paraguai, envolvendo a venda do excedente de energia de Itaipu, também está relacionada às big techs. Segundo informações, a Agência Brasileira de Informações (Abin) realizou operações de espionagem no Paraguai para investigar se os EUA estavam incentivando ONGs paraguaias a pressionar pelo rompimento do acordo energético com o Brasil. O objetivo seria permitir que o Paraguai vendesse energia a outros países, beneficiando interesses norte-americanos.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou abertamente o interesse da Casa Branca em adquirir energia de Itaipu para abastecer data centers de inteligência artificial. Essa demanda reforça o papel central das big techs na atual disputa geopolítica e econômica envolvendo Brasil, EUA e Paraguai.