Uma semana após o anúncio dos Estados Unidos sobre a tarifa de 50% contra produtos brasileiros, membros do governo Lula afirmam que o governo Trump ainda não deu sinais de disposição para negociar.
O tarifaço foi comunicado em carta de Trump a Lula no último dia 9, alegando relação comercial desfavorável, o que é contestado por dados oficiais.
Diplomatas brasileiros atribuem a falta de diálogo à ausência de orientações claras da Casa Branca aos órgãos americanos.
Negociações e reações do governo brasileiro
Desde o anúncio da tarifa de 50% pelos Estados Unidos, o governo brasileiro tem buscado alternativas para reverter a medida. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, manteve conversas com o chefe do USTR, Jamieson Greer, enquanto uma comitiva de diplomatas esteve em Washington. O vice-presidente Geraldo Alckmin, também responsável pelo MDIC, dialogou com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnik, tentando abrir espaço para negociação.
Apesar dos esforços, até o momento não houve resposta formal do governo Trump. Em discursos, Lula enfatizou que o Brasil é um país soberano, não aceita tutela e quer negociar, mas alertou que, sem consenso, poderá adotar a Lei da Reciprocidade Econômica, regulamentada nesta semana, ou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Visão dos diplomatas e do setor empresarial
Diplomatas avaliam, de forma reservada, que a falta de negociações pode ser explicada pela ausência de diretrizes claras da Casa Branca sobre como agir diante do Brasil. Empresários, por sua vez, defendem que o país evite medidas de reciprocidade e continue insistindo no diálogo bilateral.
Desdobramentos e posicionamento oficial
O Ministério das Relações Exteriores divulgou, na terça-feira (15), um comunicado oficial em que “deplora” e “rechaça” o que classificou como “intromissão indevida” de autoridades americanas sobre o Brasil. Esta foi a primeira manifestação pública da chancelaria brasileira sobre o tema, reforçando a posição do governo diante do tarifaço.
Nas redes sociais, o ministério compartilhou publicações do presidente Lula, incluindo a mensagem “Respeita o Brasil”. Diplomatas avaliam que recorrer à OMC teria efeito mais político do que prático, pois a entidade está paralisada e sem força para implementar sanções. Lula também sugeriu a possibilidade de o Brasil recorrer em conjunto com outros países afetados pela medida dos EUA.