O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, entraram em conflito por indicações políticas, dois meses após mudanças na cúpula do órgão. O impasse, que envolve trocas em superintendências regionais, gerou insatisfação no PDT, Centrão e chegou ao Palácio do Planalto.
O centro da crise está na disputa por nomeações e na retirada da autonomia de Waller para indicar cargos, agravando tensões internas e externas.
Disputa por cargos e investigações
A crise teve início após a substituição do superintendente regional de São Paulo. Gilberto Waller Júnior, presidente do INSS, trocou Hermenegildo Pires Alves, ligado ao ex-presidente do órgão José Carlos Oliveira, investigado pela Polícia Federal e CGU por superfaturamento em contratos de vigilância eletrônica. A mudança ocorreu porque um novo contrato, ainda maior, estava prestes a ser assinado com a mesma empresa. Michelle Reis Moreira, do PT de São Paulo, assumiu o posto.
Waller também exonerou Thiago Albertoni Prata, superintendente regional de Minas Gerais, também do grupo de Oliveira e sob suspeita de irregularidades semelhantes. No Rio de Janeiro, Marcos de Oliveira Fernandes, aliado do ex-ministro Carlos Lupi e investigado por suposto caixa dois eleitoral, também foi afastado.
Essas trocas foram realizadas sem o conhecimento prévio do ministro Wolney Queiroz, o que provocou sua irritação. Em resposta, Wolney publicou uma portaria retirando a autonomia de Waller para nomeações, medida da qual o presidente do INSS só tomou ciência após sua publicação no Diário Oficial.
Reações políticas e clima de tensão
As mudanças no comando das superintendências irritaram o PDT e partidos do Centrão, que recorreram ao Palácio do Planalto para intervir. Representantes dessas siglas buscaram ministros próximos a Lula para expressar insatisfação, levando o Planalto a pedir que Waller comunique previamente à ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, sobre futuras trocas de cargos.
Além da disputa por nomeações, há um embate por protagonismo. Aliados de Wolney criticam a exposição midiática de Waller e o anúncio, sem consulta prévia, da data de ressarcimento dos aposentados. No entorno de Waller, há percepção de que Wolney tenta desgastá-lo, levantando dúvidas sobre sua permanência no cargo. Um episódio simbólico ocorreu no aniversário do INSS, quando Wolney, em tom de brincadeira, afirmou ter avisado Lula que Waller era “frio e lava-jatista”, o que aumentou o mal-estar entre ambos.