O governo brasileiro enviou nesta terça-feira (1º) uma carta à revista britânica The Economist em reação a críticas feitas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O artigo, publicado no domingo (29), questionava a influência externa e a popularidade interna de Lula. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, assinou a resposta, defendendo os pilares de democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo sustentados por Lula.
Reação oficial à publicação internacional
A carta do Itamaraty detalha a atuação do presidente Lula em foros internacionais, destacando sua liderança como presidente do G20, onde construiu consenso entre os membros e buscou criar uma aliança global contra a fome e a pobreza. O texto menciona ainda a proposta de taxação de bilionários apresentada por Lula, considerada ousada e que teria incomodado oligarcas.
O artigo da The Economist havia apontado que, sob Lula, o Brasil estaria se afastando das democracias ocidentais e dos Estados Unidos, além de criticar o presidente por não buscar maior proximidade com o então presidente americano Donald Trump. Na semana anterior, Lula havia afirmado que Trump deveria ser “menos internet e mais chefe de Estado”.
Vieira reforçou na carta que o Brasil vê o BRICS como ator fundamental na busca por um mundo multipolar e mais pacífico, e que a presidência brasileira pretende fortalecer o grupo em prol da reforma da governança global e do desenvolvimento sustentável.
Defesa da democracia e posicionamento internacional
O ministro das Relações Exteriores ressaltou que, sob a liderança de Lula, o Brasil tornou-se exemplo de solidez institucional e defesa da democracia, sendo parceiro confiável no comércio multilateral e oferecendo segurança a investidores. O país, segundo a carta, não tem inimigos e defende a resolução de disputas por meio da diplomacia e do respeito ao direito internacional.
Sobre temas internacionais, o texto destacou que a posição do Brasil em relação aos ataques ao Irã e instalações nucleares segue princípios da ONU e da Agência Internacional de Energia Atômica. Em relação à guerra na Ucrânia, o Brasil condenou a invasão russa, mas também defendeu a busca de soluções diplomáticas.
A carta ainda afirma que Lula não é popular entre negacionistas climáticos e que, diante de uma nova corrida armamentista, denuncia o investimento em destruição em detrimento do combate à fome e ao aquecimento global. Por fim, o documento sustenta que, para humanistas e defensores dos direitos humanos, o respeito à autoridade moral de Lula é indiscutível.