Após a derrota no Congresso sobre o decreto do IOF, o governo Lula adotou o discurso “ricos contra pobres” para unificar sua base. Fernando Haddad aderiu ao tom combativo, criticando Bolsonaro e o Congresso. Assessores moderados, porém, temem que a estratégia afaste o eleitorado de centro, essencial em 2022.
O governo Lula, que vinha apresentando divisões internas, encontrou unidade ao adotar o discurso de “ricos contra pobres” após o Congresso derrubar o decreto do IOF. Fernando Haddad, antes isolado, intensificou as críticas ao ex-presidente Bolsonaro e lançou indiretas ao Congresso, que impôs a derrota ao governo. Dentro do Executivo, a narrativa é de que Lula agiu dentro das suas prerrogativas ao recorrer ao STF e que a medida representa uma busca por “justiça tributária” — cobrar mais de quem tem mais para proteger os mais vulneráveis.
Apesar da mobilização da militância, aliados no Congresso avaliam que Haddad perde espaço como interlocutor com o Legislativo. A responsabilidade de diálogo, segundo interlocutores, recai agora sobre o próprio presidente Lula. Por outro lado, assessores mais moderados demonstram preocupação com o tom de confronto adotado por parte do governo, temendo consequências negativas junto ao eleitorado de centro.
Repercussão e riscos para 2024
O discurso “ricos contra pobres” reforça a posição de Lula junto à militância, mas pode aumentar o risco de derrota nas próximas eleições, segundo aliados. Eles reconhecem a importância da “justiça tributária”, mas alertam para a necessidade de acenos ao eleitor de centro, fundamental para a vitória de 2022. Assessores presidenciais acompanham o cenário e entendem que, no momento, o governo busca se defender da ofensiva do Centrão, mesmo correndo o risco de afastar parte do eleitorado moderado.