A Ucrânia tem empregado tanques infláveis e armamentos 2D para iludir as forças russas na guerra, dificultando operações militares do adversário. Essas táticas visuais, que simulam equipamentos reais, contribuem para a resistência ucraniana ao preservar recursos e desorientar o inimigo.
O uso de réplicas desmontáveis, infláveis ou bidimensionais, além da simulação de sinais de radar, tem sido fundamental para atrair ataques russos a alvos falsos, poupando munição e tempo das tropas ucranianas.
Como funcionam as táticas de engano
Os tanques infláveis são réplicas leves e de baixo custo que podem ser rapidamente posicionadas em áreas estratégicas, simulando a presença de veículos militares reais. Além deles, estruturas em duas dimensões e imagens são utilizadas para criar ilusões de armamentos e defesas, confundindo sistemas de reconhecimento russos.
Artilharia desmontável e o papel dos voluntários
Entre as iscas mais usadas pelo exército ucraniano estão réplicas dos obuseiros M777, conhecidos como “Três Machados”. Voluntários como Ruslan Klimenko, do grupo Na Chasi, já entregaram cerca de 160 modelos desses canhões falsos. Segundo Klimenko, eles podem ser montados em apenas três minutos por duas pessoas, sem ferramentas. Pavlo Narozhny, do Reaktyvna Poshta, afirma que entre 10 e 15 iscas estão sempre em produção, feitas de madeira compensada e custando cerca de 500 a 600 dólares.
A Rússia costuma atacar essas iscas com drones kamikaze Lancet, que custam aproximadamente 35 mil dólares cada. Uma das réplicas, apelidada de Tolya, sobreviveu a ataques de pelo menos 14 drones e continua sendo remontada para uso na linha de frente.
Importância do posicionamento e realismo
O sucesso das iscas depende do posicionamento fiel, incluindo marcas de pneu, caixas de munição e banheiros, para simular posições reais e enganar até oficiais aliados. Oficiais relatam que, após o uso de canhões reais, eles são rapidamente substituídos por iscas para continuar confundindo o inimigo.
Estratégias russas e histórico das iscas
O arsenal de iscas da Rússia também é variado. Segundo o exército ucraniano, cerca de metade dos drones usados em ataques recentes são réplicas baratas. Yuri Ihnat, porta-voz da Força Aérea ucraniana, afirma que a proporção é de 50% entre drones Shahed reais e imitações, com o objetivo de sobrecarregar as defesas aéreas ucranianas e forçar o uso de mísseis caros contra alvos de baixo custo.
Empresas russas como a Rusbal produzem réplicas que enganam radares e sensores térmicos, incluindo bonecos com uniformes militares equipados com fios de aquecimento para simular calor humano. Voluntários do movimento Frente Popular, apoiado pelo Kremlin, são responsáveis por parte dessas criações.
O papel histórico das iscas militares
O uso de iscas não é novidade: durante a Segunda Guerra Mundial, tanques e aeronaves de mentira foram empregados para despistar inimigos e garantir o elemento surpresa, como no Dia D. Apesar da evolução tecnológica, com drones e sistemas não tripulados, dissimulações e truques continuam estratégicos no campo de batalha atual.