Kim Jong-un declarou que não aceitará trocar o arsenal nuclear da Coreia do Norte pelo fim das sanções, mas sinalizou abertura ao diálogo com os EUA se a exigência de desnuclearização for retirada.
O anúncio foi feito em entrevista à mídia estatal KCNA neste domingo (21), destacando que as armas nucleares são vistas como essenciais para a sobrevivência do regime diante de ameaças dos EUA e da Coreia do Sul.
Kim também comentou sobre boas lembranças dos encontros com Donald Trump e criticou as recentes tentativas de diálogo de Washington e Seul, alegando falta de sinceridade.
Posicionamento de Kim Jong-un sobre armas nucleares
Durante entrevista à KCNA, Kim Jong-un reiterou que a Coreia do Norte jamais abrirá mão de suas armas nucleares em troca do fim das sanções internacionais. Segundo ele, o desenvolvimento do arsenal nuclear foi uma questão de sobrevivência, motivada por ameaças dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Kim citou exercícios militares conjuntos dos aliados como exemplos de provocações que justificam a manutenção do programa nuclear.
O líder norte-coreano afirmou: “O mundo já sabe muito bem o que os Estados Unidos fazem depois que fazem um país abrir mão de suas armas nucleares e se desarmar. Nós nunca abriremos mão de nossas armas nucleares.”
Apesar da postura rígida, Kim não descartou completamente o diálogo com os EUA. Ele condicionou a retomada de conversas ao abandono, por parte de Washington, da exigência de desnuclearização da Coreia do Norte. “Se os Estados Unidos abandonarem a obsessão absurda de nos desnuclearizar e aceitarem a realidade, e quiserem uma coexistência pacífica genuína, não há razão para nós não nos sentarmos com os Estados Unidos”, declarou.
Relação com Donald Trump e contexto diplomático
Kim mencionou ter boas lembranças dos encontros com Donald Trump, ocorridos durante o primeiro mandato do ex-presidente americano. Os comentários surgem em um momento em que o novo governo liberal em Seul incentiva Trump a liderar esforços para reabrir o diálogo com Pyongyang, após seis anos de impasse nas negociações de paz devido a sanções e exigências de desmantelamento nuclear.
Sanções, avanços militares e perspectivas de diálogo
A Coreia do Norte permanece sob diversas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que impõem sanções econômicas e embargos de armas para restringir o financiamento do desenvolvimento militar. Apesar disso, o país continuou a avançar no seu programa nuclear e no desenvolvimento de mísseis balísticos.
O presidente sul-coreano Lee Jae Myung afirmou à Reuters que as sanções não conseguiram dissuadir o Norte, que, segundo ele, acrescenta de 15 a 20 armas nucleares ao arsenal anualmente. “A realidade é que a abordagem anterior de sanções e pressão não resolveu o problema; piorou”, disse Lee.
Desde que assumiu o cargo em junho, Lee tem buscado gestos de paz, defendendo o diálogo com Pyongyang e propondo ações para criar confiança e, eventualmente, encerrar o programa nuclear norte-coreano. Ele reconhece, no entanto, que há obstáculos significativos para reabrir negociações, mas acredita que uma abordagem gradual é a mais realista. Lee também destacou que Donald Trump pode ter um papel fundamental nesse processo.