Produtores agrícolas americanos, especialmente no meio-oeste, sentem o impacto das tarifas de importação impostas por Donald Trump desde abril. Apesar do aumento de falências e dificuldades financeiras, muitos seguem apoiando o ex-presidente, acreditando em resultados futuros das medidas.
O temor é que a faixa de isenção seja ampliada sem compensação, agravando a crise. A votação sobre o tema está prevista para a próxima semana.
Impacto das tarifas e reações no campo
O produtor Tim Maxwell, de Iowa, expressa preocupação com o futuro da produção agropecuária diante das tarifas, que dificultam a venda internacional. “Nossa produção está boa, mas o interesse dos mercados está em baixa”, afirma. Outros agricultores compartilham o receio, especialmente devido à queda das importações chinesas de produtos americanos desde o início da guerra comercial em abril.
Segundo dados da Bloomberg, pedidos de falência entre produtores atingiram o maior nível em cinco anos. A Associação Americana da Soja (ASA) alerta para pedidos chineses muito abaixo do esperado. O professor Christopher Wolf, da Universidade Cornell, destaca que a China tem grande influência no setor e que o aumento do custo de fertilizantes, em parte por disputas com o Canadá, agrava a situação.
Jon Tester, ex-senador e produtor agrícola, afirma que as tarifas elevaram custos e afastaram clientes. “Muitos jovens agricultores irão quebrar. Se continuar assim, muitos como eu também irão falir”, diz. A pressão financeira é agravada por altos índices de estresse: agricultores têm três vezes mais propensão ao suicídio que a média, segundo estudo da Associação Nacional para a Saúde Rural.
Tarifas e subsídios federais
O governo Trump ampliou subsídios federais em US$ 60 bilhões e reforçou o seguro agrícola. Em discurso no Congresso, Trump prometeu um “período de ajuste” e declarou: “Nossos agricultores irão se divertir”. Sid Miller, do Departamento de Agricultura do Texas, elogiou o “apoio vital” do governo.
Apesar das ajudas, especialistas como Michael Langemeier, da Universidade Purdue, alertam para danos de longo prazo causados pela incerteza comercial. “Nosso parceiro comercial não sabe qual será nossa posição no ano que vem”, explica.
Apoio rural a Trump persiste
Mesmo sob pressão econômica, agricultores do meio-oeste mantêm apoio a Trump. Pesquisa do Pew Research Center mostra que 53% dos americanos rurais aprovam seu trabalho, contra 38% da média nacional. Michael Shepherd, da Universidade de Michigan, afirma que Trump ainda detém forte apoio nas comunidades rurais.
Motivações do eleitor rural
O professor Nicholas Jacobs, autor de The Rural Voter, aponta que o apoio a republicanos é anterior a Trump e se baseia em uma “identidade rural” marcada por oposição a elites urbanas. Joan Maxwell, pecuarista de Iowa, relata sentir-se ignorada e ridicularizada pela mídia e elites urbanas.
Shepherd destaca a “atribuição seletiva de culpa”: mesmo insatisfeitos, muitos hesitam em responsabilizar Trump. Durante a Feira Estadual de Iowa, produtores como John Maxwell afirmam confiar que as tarifas “irão nos tornar grandes novamente”.
Riscos e expectativas futuras
Analistas alertam que o apoio não é incondicional. Christopher Wolf teme danos duradouros, pois empresas chinesas já compram soja do Brasil. Joan Maxwell resume o sentimento: “Estamos dando a ele [Trump] a chance de prosseguir com as tarifas, mas é melhor que dê resultado. Precisamos ver algo em até 18 meses”.