O governo federal informou nesta quinta-feira (7) que os alertas de desmatamento na Amazônia Legal subiram 4% na temporada 2024/2025, impulsionados pelo aumento dos incêndios. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Ministério do Meio Ambiente, a mudança climática agravou o cenário. Em contrapartida, Cerrado e Pantanal apresentaram queda nos índices de desmatamento e focos de incêndio, conforme dados do sistema Deter.
Impacto do fogo e mudanças climáticas
O aumento dos incêndios, associado às condições mais secas provocadas pela mudança climática, tornou o fogo um novo desafio para o controle do desmatamento na Amazônia. Historicamente, o ciclo de devastação envolvia corte raso seguido de queima, mas agora criminosos têm utilizado o fogo diretamente para liberar áreas, agravando a situação.
De acordo com o sistema Deter, que monitora diariamente alterações na cobertura florestal, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal subiu para 4% de agosto de 2024 a julho de 2025. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou: “(Está havendo) aumento dos incêndios em função da mudança climática e isso está incidindo em desmatamento. Dentro da margem, podemos falar que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é de desmatamento zero até 2030”.
Na temporada anterior (agosto de 2023 a julho de 2023), a área sob alerta foi de 4.321 km². O recorde histórico ocorreu em 2020, com 9.216 km² sob alerta.
Desempenho nos biomas e estados
No Cerrado, houve queda de 20% no desmatamento, totalizando 5.555 km², após um recorde de 7.014 km² na temporada anterior. No Pantanal, a diminuição foi de 72% no desmatamento e 9% nos focos de incêndio.
Amazônia: destaques estaduais
Pará registrou queda de 21% (1.325 km²), Rondônia queda de 35% (194 km²), Roraima queda de 23,7% (206 km²). Por outro lado, Mato Grosso teve aumento de 74% (1.636 km²), Amazonas aumento de 3% (814 km²) e Acre aumento de 12,3% (238 km²).
Cerrado: destaques estaduais
Maranhão teve queda de 34% (1.251 km²), Tocantins queda de 29% (1.237 km²), Bahia queda de 7% (733 km²), Mato Grosso queda de 19% (400 km²), Minas Gerais queda de 34% (284 km²) e Piauí aumento de 33% (1.163 km²).
Fiscalização e ações de combate
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima intensificou as operações de fiscalização em todos os biomas, segundo André Lima, secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial. As operações do Ibama aumentaram 96% em relação a 2022, com aplicação de embargos remotos que permitem atuar em várias áreas simultaneamente.
Além disso, a Polícia Federal ampliou em 148% suas operações, principalmente em áreas de garimpo ilegal. A parceria entre a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ibama fortaleceu a responsabilização dos infratores, incluindo agora a cobrança pelo chamado “dano climático” nas indenizações.
Marcio Astrini, do Observatório do Clima, ressalta que, embora o ciclo de queda nos alertas tenha sido interrompido, a atuação do Ibama evitou um cenário pior. “Continuamos com muita Amazônia sendo devastada todos os anos, uma realidade impulsionada por forças como o Congresso, os governos locais e até mesmo setores dentro do próprio governo”, afirmou.