O Brasil registrou déficit comercial com os Estados Unidos pelo sétimo mês consecutivo em julho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento divulgados nesta quarta-feira (6). O saldo negativo chegou a US$ 559 milhões, impulsionado pelo tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump.
No acumulado do ano, o déficit já soma US$ 2,23 bilhões, aumento de 600% em relação ao mesmo período de 2024.
Déficit comercial persistente
Em julho, as exportações brasileiras para os Estados Unidos alcançaram US$ 3,71 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 4,26 bilhões. Com isso, o saldo comercial ficou negativo em US$ 559 milhões no mês. O déficit mensal superou a marca de US$ 500 milhões nos dois últimos meses, evidenciando uma tendência de agravamento.
O último superávit comercial do Brasil com os EUA foi registrado em dezembro do ano passado, no valor de US$ 468 milhões. De janeiro a julho de 2025, o déficit acumulado chegou a US$ 2,23 bilhões, salto expressivo frente aos US$ 319 milhões do mesmo período de 2024.
Desde 2009, o Brasil tem registrado déficits comerciais sucessivos com os Estados Unidos. Nos últimos 16 anos, as vendas americanas ao Brasil superaram as exportações brasileiras em US$ 88,61 bilhões.
Impactos do tarifaço dos EUA
O tarifaço imposto por Donald Trump foi implementado de forma gradual, culminando em uma sobretaxa de 50% a partir desta quarta-feira (6), afetando cerca de 36% das exportações brasileiras aos EUA. Trump justificou as medidas com argumentos econômicos e políticos, citando o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e questões de liberdade de expressão.
Setores brasileiros prejudicados já calculam prejuízos e buscam apoio do governo federal para mitigar os impactos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que medidas de proteção aos setores afetados estão sendo preparadas para aprovação pelo Planalto. Além disso, o Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço, mas o processo deve ser longo e sem garantias de vitória.
Balança comercial geral em julho
Considerando o comércio com todos os países, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,07 bilhões em julho. Apesar do resultado positivo, houve queda de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o superávit foi de US$ 7,55 bilhões. Esse é o pior desempenho para meses de julho desde 2022, quando o superávit foi de US$ 5,35 bilhões.
Em julho, as exportações totais do Brasil somaram US$ 32,31 bilhões, alta de 4,8% na média diária, enquanto as importações atingiram US$ 25,23 bilhões, aumento de 8,4% na média diária. No acumulado dos sete primeiros meses de 2025, o saldo comercial ficou positivo em US$ 36,98 bilhões, representando queda de 24,7% frente ao mesmo período do ano anterior (US$ 49,1 bilhões).