Parlamentares da oposição decidiram manter a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado em revezamento, conforme anunciou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) nesta terça-feira (5). O movimento é um protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, na segunda-feira (4).
O grupo pretende encerrar a mobilização apenas após reunião com os presidentes Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), prevista para quarta-feira (6).
Protesto e demandas da oposição
Na Câmara, o presidente Hugo Motta solicitou ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante, que os parlamentares desocupassem a Mesa Diretora. Sóstenes recusou o pedido, exigindo uma reunião presencial e reservada com Motta e Davi Alcolumbre, presidente do Senado. O deputado Zucco (PL-RS) confirmou que a mobilização será mantida em esquema de revezamento.
No Senado, a oposição realizou um protesto simbólico com esparadrapos na boca. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou à GloboNews que o grupo só deixará o plenário quando Alcolumbre atender a três exigências: pautar o pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes, votar o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e discutir o fim do foro privilegiado. “Nós vamos permanecer aqui no plenário, se preciso for, e virar a noite”, afirmou Flávio, que também relatou não conseguir contato com Alcolumbre.
Reação dos presidentes do Congresso
Em nota oficial, Davi Alcolumbre classificou a ocupação como um “exercício arbitrário das próprias razões” e defendeu serenidade, destacando a necessidade de retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo. Hugo Motta afirmou nas redes sociais que convocará reunião de líderes e que a pauta será definida com base no diálogo e respeito institucional. Durante agenda na Paraíba, Motta ressaltou que decisões judiciais devem ser cumpridas, evitando comentar diretamente a decisão do STF.
Crise institucional e cenário externo
A mobilização da oposição ocorre em meio ao acirramento entre Congresso e Judiciário, agravado pela prisão de Bolsonaro e pela tramitação de projetos polêmicos, como o que concede anistia aos réus dos atos de 8 de janeiro de 2023. O Executivo também acompanha com atenção as ameaças de sanções comerciais dos Estados Unidos ao Brasil, fator que contribui para o clima de instabilidade no início dos trabalhos legislativos.