A cúpula de líderes do Brics começa neste domingo (6) no Rio de Janeiro, reunindo chefes de Estado e representantes dos 11 países-membros. O evento, sob presidência brasileira, prioriza acordos em Saúde, Meio Ambiente e Inteligência Artificial, deixando temas de conflitos internacionais em segundo plano.
O Brasil busca consolidar conquistas concretas e fortalecer a influência do Sul Global na governança internacional durante a cúpula, que segue até 7 de julho.
Temas prioritários e articulação internacional
O Brics, atualmente com 11 integrantes, incluindo novos membros como Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, atua como fórum de cooperação econômica, social e tecnológica. A presidência do Brasil definiu como prioridades a Saúde, o Meio Ambiente e a Inteligência Artificial (IA). Apesar da presença de países envolvidos em conflitos, como Rússia e Irã, temas como a guerra na Ucrânia e confrontos no Oriente Médio não serão abordados formalmente.
Segundo o Itamaraty, essas discussões podem ocorrer em encontros bilaterais, mas a ênfase da cúpula está em aprovar uma declaração final e três documentos conjuntos nas áreas prioritárias, resultado de debates técnicos ao longo do ano.
Meio ambiente: COP 30 e consenso climático
O Brasil, que presidirá a COP 30 em novembro, busca construir uma posição unificada no Brics para fortalecer a articulação internacional na conferência do clima. Em abril, ministros do Meio Ambiente do bloco se reuniram em Brasília para discutir ações conjuntas. Espera-se uma declaração sobre mudanças climáticas e financiamento, com foco em limitar o aquecimento global a 1,5ºC.
Saúde: combate a doenças negligenciadas
O Brasil propõe acordos para erradicar doenças como tuberculose, malária, doença de Chagas e leishmaniose, típicas de países em desenvolvimento. A estratégia é coordenar esforços contra doenças negligenciadas, beneficiando populações vulneráveis. Em reunião ministerial recente, o ministro Alexandre Padilha destacou que a saúde será um dos legados da presidência brasileira no Brics. Segundo Padilha, “o Brasil vê a saúde como alavanca para o desenvolvimento sustentável”, defendendo acesso a tratamentos, água potável e alimentação saudável.
A cooperação em saúde também surge como alternativa à saída da USAID do Brasil. Outro objetivo é expandir a Rede de Pesquisa do Brics, com foco em vacinas.
Inteligência Artificial: governança e economia de dados
A presidência brasileira propõe diretrizes comuns para o uso ético e regulado da IA, tratando dados como ativos econômicos estratégicos. Entre as propostas está o pagamento aos países pela geração de dados que alimentam sistemas de IA. O debate sobre regulamentação da IA avança também no Congresso Nacional.
Agenda e preparativos
A cúpula, realizada nos dias 6 e 7 de julho, reúne chefes de Estado, chanceleres e representantes dos países-membros. Mais de 100 reuniões preparatórias ocorreram entre fevereiro e julho, parte delas no Palácio Itamaraty, em Brasília.