Integrantes da federação formada por União Brasil e PP divergem sobre quando discutir o desembarque do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto alguns defendem a saída ainda este ano, outros preferem aguardar até 2026.
O debate envolve cargos, posicionamento ideológico e questões regionais. O respeito ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também influencia a decisão.
Atualmente, a federação ocupa quatro ministérios na Esplanada, com nomes ligados a diferentes lideranças partidárias.
Divisão interna sobre o desembarque
A discussão sobre o momento da saída da federação União Brasil-PP do governo Lula está dividida. Uma ala defende o rompimento imediato após a entrega do estatuto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prevista para as próximas semanas, como parte do processo de oficialização da federação. O objetivo é adotar uma postura mais crítica e de oposição ao governo, conforme já sinalizado pelos copresidentes da federação, Ciro Nogueira (PP-PI) e Antônio Rueda (União).
Ciro Nogueira, ex-ministro do governo Bolsonaro, defende abertamente a entrega dos ministérios e a saída do governo. Antônio Rueda afirmou em entrevista à GloboNews que é “muito remota” a possibilidade de apoio à reeleição de Lula. O deputado Fábio Schiochet (União-SC), aliado de Rueda, também apoia a saída imediata, citando coerência com o projeto de direita da federação, representado por lideranças como Ronaldo Caiado, pré-candidato à presidência em 2026.
Defesa da cautela e influência regional
Por outro lado, integrantes da federação pregam cautela e consideram precipitado debater o desembarque a um ano e meio do fim do mandato de Lula. Segundo um membro da federação, a saída antecipada só beneficiaria nomes ligados ao bolsonarismo. Parlamentares importantes avaliam que devolver cargos e ministérios pode acirrar o sentimento de oposição nas bancadas e resultar em mais votos contrários ao governo.
Há quem defenda que a discussão ocorra apenas no próximo ano, pois ainda existem pautas relevantes em tramitação no Congresso. Outro fator relevante é a influência regional: políticos do Nordeste tendem a apoiar a permanência no governo devido à força de Lula na região, enquanto em estados onde Jair Bolsonaro é mais popular, cresce a pressão pelo rompimento.
O respeito ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tem sido um dos motivos para adiar o desembarque, já que ele mantém alinhamento com Lula e indica nomes para ministérios e cargos de segundo escalão. Atualmente, a federação ocupa quatro ministérios: Turismo, com Celso Sabino; Esportes, com André Fufuca; Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes; e Comunicações, com Frederico Siqueira. Os dois últimos são vistos como indicações diretas de Alcolumbre.
Nos bastidores, cresce a pressão interna para que o desembarque ocorra o quanto antes, especialmente entre lideranças de direita e em regiões onde o bolsonarismo é forte. O debate sobre o momento da saída reflete o desafio de equilibrar interesses regionais, cargos e estratégias eleitorais para 2026. A decisão final poderá impactar o cenário político e a relação do governo com o Congresso Nacional.