O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta sexta-feira (5) uma governança multilateral para a inteligência artificial durante evento do Brics no Rio de Janeiro.
Lula alertou para os riscos de a tecnologia ser controlada por poucas empresas e defendeu que o grupo crie diretrizes comuns para uso responsável da IA.
O encontro antecede a cúpula do Brics, que reúne chefes de Estado e representantes de 11 países-membros e dez parceiros.
Propostas para inteligência artificial e desenvolvimento
No Fórum Empresarial do Brics, Lula afirmou que o desenvolvimento da inteligência artificial sem “diretrizes claras” pode trazer “riscos e efeitos colaterais”. Ele destacou que, sem regras coletivamente acordadas, modelos gerados por grandes empresas de tecnologia “vão se impor”. Para o presidente, os riscos da IA exigem uma governança multilateral, com padrões mínimos de transparência e segurança.
O Brasil, na presidência do Brics, tem como objetivo construir diretrizes comuns sobre IA. Lula ressaltou que a tecnologia deve ser usada para o bem comum e não ficar restrita ao controle de poucos países ou empresas.
Brics como alternativa global
Lula também defendeu o multilateralismo e o papel do Brics como “polo aglutinador de economias prósperas e dinâmicas”. Segundo ele, os países do grupo podem criar um novo modelo de desenvolvimento, baseado em agricultura sustentável, indústria verde, infraestrutura resiliente e bioeconomia.
O presidente destacou que, diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional.
Cúpula do Brics e repercussão
A cúpula do Brics ocorrerá entre domingo (6) e segunda-feira (7) no Rio de Janeiro, marcando o auge da presidência brasileira no grupo em 2025. Entre os líderes confirmados estão Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Narendra Modi (Índia). O evento deve debater combate à pobreza, financiamento climático, comércio e acesso democrático a tecnologias, além de propor parcerias para eliminar doenças ligadas à miséria.
Atualmente, o Brics tem 11 países-membros (África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia) e dez parceiros (Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã). O grupo se define como um foro de articulação político-diplomática para fomentar cooperação econômica e política.
Segundo a TV Globo, Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Abdel Fattah al-Sisi (Egito) não devem participar da cúpula. O evento contará com segurança reforçada, Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e restrição de voos, sob coordenação do embaixador Maurício Lyrio.
Outros destaques do discurso
Lula também enfatizou a importância da participação do empresariado e das mulheres na economia e política. Ele afirmou que o espaço das mulheres depende da própria ousadia delas, e não deve ser esperado que os homens conquistem esse espaço por elas. O presidente ainda defendeu que paz e desenvolvimento econômico e social estão interligados, afirmando: “Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado”.
Além do encontro com empresários, Lula deve se reunir com representantes da Etiópia, Vietnã, Nigéria, Abu Dhabi e com o primeiro-ministro da China, Li Qiang.