Fabiano Silva, presidente dos Correios, pediu demissão nesta sexta-feira (4), após a empresa registrar prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2025.
Além do resultado financeiro negativo, Silva enfrentava pressão de aliados políticos, especialmente do União Brasil, que almeja o comando da estatal.
O pedido de demissão foi entregue no Palácio do Planalto, mas só será oficializado após conversa com o presidente Lula.
Prejuízo bilionário e crise interna
Os Correios tiveram o pior déficit entre as estatais em 2024 e, nos três primeiros meses de 2025, acumularam prejuízo de R$ 1,7 bilhão. O resultado gerou preocupação entre membros do governo e da própria empresa, aumentando a pressão sobre a gestão de Fabiano Silva.
Silva, que vinha enfrentando críticas internas, entregou sua carta de demissão a auxiliares do presidente Lula, que está em viagem ao Rio de Janeiro. A saída ainda depende de uma conversa direta com o presidente para ser oficializada.
Pressão política e disputa pelo cargo
Aliados próximos afirmam que a permanência de Fabiano Silva tornou-se insustentável devido à pressão do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), ambos interessados na troca de comando da estatal.
Desde o início do terceiro mandato de Lula, Alcolumbre tenta indicar um aliado para a presidência dos Correios. O Ministério das Comunicações, responsável pela estatal, é comandado por Frederico Siqueira Filho, também do União Brasil.
Fontes próximas a Fabiano Silva destacam que, além das pressões políticas, questões de saúde também influenciaram sua decisão de deixar o cargo.
Apesar do déficit recorde, Silva nega que sua saída esteja relacionada ao resultado financeiro dos Correios. Ele atribui o prejuízo à chamada “taxa das blusinhas”, uma tarifa imposta pelo governo em 2023 sobre varejistas chinesas, que teria impactado negativamente as receitas da empresa.
O cargo de presidente dos Correios é considerado estratégico e é alvo de disputa política, especialmente pelo União Brasil, partido que já comanda o Ministério das Comunicações. A definição do novo nome para o comando da estatal deve ocorrer após o retorno de Lula a Brasília e a conclusão das conversas políticas em curso.