O mercado de carne de frango em São Paulo registrou em junho de 2025 a maior queda de preços dos últimos 18 anos, impulsionada pelo impacto da gripe aviária.
O registro inédito da doença em uma granja comercial de Montenegro (RS) afetou diretamente as cotações e a oferta do produto.
Mesmo com o Brasil retomando o status de país livre da gripe aviária em 18 de junho, os preços não se recuperaram no mês.
Recuo histórico nas cotações
Em junho de 2025, o preço médio do frango inteiro resfriado no atacado da Grande São Paulo caiu para R$ 7,50 por quilo, representando uma baixa de 13,4% em relação a maio. Segundo o Cepea da USP, essa foi a maior queda em quase duas décadas no estado.
O principal fator para o recuo foi o caso inédito de gripe aviária registrado em uma granja comercial de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A notícia gerou incertezas e impactou o comportamento dos consumidores e do mercado.
Apesar de o Brasil ter recuperado o certificado internacional de país livre da gripe aviária em 18 de junho de 2025, após cumprir todos os protocolos, o cenário de preços não apresentou melhora imediata.
Desafios e perspectivas para o setor
Nos quatro primeiros meses de 2025, o setor avícola vinha registrando altas. Em abril, o preço médio do frango vivo atingiu R$ 6,15 por quilo, o maior valor desde 2022, com aumento de 11% em termos reais, considerando o IGP-DI de março.
Porém, o poder de compra dos produtores caiu devido à elevação dos custos dos principais insumos, como milho e farelo de soja. Em abril, o poder de compra do avicultor paulista frente ao farelo de soja atingiu o menor nível em três meses, enquanto em relação ao milho manteve-se estável.
O Cepea projeta que a produção de carne de frango no Brasil deve alcançar 14,2 milhões de toneladas em 2025, alta de 2,9% sobre 2024. Já o consumo per capita, segundo a ABPA, pode chegar a 46,6 kg, crescimento de 1,9%.
O crescimento do setor depende da ausência de novos casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1 ou IAAP) em granjas comerciais. Por ora, o Brasil se beneficia da demanda global, já que outros países produtores enfrentam restrições sanitárias, conforme análise do Cepea.