Economistas contestam as recentes críticas de Lula à austeridade fiscal, afirmando que a responsabilidade nas contas públicas é fundamental para a segurança e previsibilidade da economia brasileira.
Segundo especialistas, os conceitos de austeridade e justiça social não são excludentes, e o atual contexto econômico exige disciplina fiscal para evitar agravamento da dívida pública.
Austeridade e justiça social no debate econômico
O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Marcus Pestana, explicou que os termos “austeridade” e “expansionismo” devem ser analisados conforme o momento histórico de cada país. Ele citou o exemplo de Keynes, que defendeu estímulos em 1929, mas ressaltou que o Brasil atualmente não enfrenta recessão: “Temos uma economia razoavelmente aquecida, com emprego em alta. Manter déficits sistemáticos em um cenário assim pode agravar a dívida pública”.
Pestana reforçou o caráter técnico e apartidário da IFI, afirmando que o papel da instituição é “oferecer alertas com base em projeções e dados confiáveis”. Para ele, o atual regime fiscal brasileiro é insustentável no médio prazo.
Preocupações com o cenário fiscal
As declarações do presidente surgem em meio ao aumento das preocupações com as contas públicas. Em maio, o governo propôs ao Congresso Nacional o adiamento da meta de zerar o déficit fiscal de 2025 para 2026. A medida foi interpretada como sinal de relaxamento na política econômica, provocando reações negativas no mercado e pressionando o dólar e os juros.
Desde então, as falas de Lula contra a chamada austeridade têm sido acompanhadas de perto por economistas e investidores.
O economista Robson Gonçalves destacou que austeridade não se resume a cortes insensíveis, mas sim à disciplina e previsibilidade necessárias para o crescimento sustentável do país. “Austeridade não significa cortes insensíveis. Significa ter disciplina, previsibilidade e segurança para o país e para quem investe nele. Sem isso, não há crescimento sustentável”, afirmou Gonçalves.
Especialistas ressaltam que a responsabilidade fiscal é vista como um pilar para atrair investimentos e garantir estabilidade econômica. O debate sobre o equilíbrio entre justiça social e disciplina fiscal permanece central nas discussões sobre os rumos da política econômica brasileira.