O Brasil avança para fechar três declarações prioritárias em inteligência artificial, saúde e clima durante a Cúpula do Brics, realizada de 4 a 7 de julho, no Rio de Janeiro.
Como presidente do bloco, o país conduz negociações sobre governança global de IA, erradicação de doenças da pobreza e financiamento climático.
O evento reúne chefes de Estado e autoridades dos países-membros, com intensa preparação e medidas de segurança.
Negociações avançadas em inteligência artificial
O tema da inteligência artificial recebe destaque, com foco no tratamento de dados como ativos econômicos e na defesa de uma governança global. O projeto de regulamentação do uso de IA foi aprovado no Senado brasileiro em novembro de 2024 e segue em análise na Câmara dos Deputados.
Combate a doenças da pobreza e cooperação internacional
A erradicação de doenças derivadas da pobreza é prioridade para a presidência brasileira, que busca liderar uma aliança internacional nesse sentido. Diplomatas consideram a iniciativa positiva, especialmente após o fim das operações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) anunciado pelo governo Trump. A proposta se conecta a projetos do bloco, como a ampliação da Rede de Pesquisa BRICS sobre a Tuberculose.
Financiamento climático e liderança global
O financiamento ao combate à mudança climática é a terceira prioridade. O Brasil pretende apresentar uma agenda de liderança climática compartilhada, com soluções para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A declaração deve abordar o financiamento climático e aproveitar o contexto da COP30, que será sediada em Belém em novembro deste ano.
Preparação da cúpula e participação inédita
A Cúpula do Brics no Rio de Janeiro é o principal encontro do bloco em 2025, reunindo chefes de Estado, chanceleres e assessores de alto nível. O evento exigiu uma série de medidas logísticas e de segurança, além de mais de 100 reuniões preparatórias entre fevereiro e julho, muitas realizadas por videoconferência.
Em fevereiro, no Palácio Itamaraty, em Brasília, a primeira reunião de negociadores políticos aprovou por unanimidade os temas centrais propostos pelo Brasil, incluindo a revisão da Parceria Estratégica na Área Econômica, um plano de cinco anos sob liderança brasileira.
Na segunda reunião, em abril, no Rio, houve participação inédita da sociedade civil, marcando uma mudança na incorporação de demandas sociais ao processo decisório. Um dos consensos foi a definição do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como principal agente de financiamento da industrialização do Sul Global.