O dólar opera em leve queda de 0,13% nesta terça-feira (1º), cotado a R$ 5,4262 por volta das 09h20. A moeda fechou a véspera no menor patamar desde setembro, a R$ 5,4335. O movimento ocorre em meio à expectativa pela votação do pacote de cortes de impostos do presidente Donald Trump no Senado dos EUA.
No Brasil, investidores acompanham os desdobramentos da derrubada do aumento do IOF e aguardam a resposta do governo. O Ibovespa inicia negociações às 10h, enquanto o mercado monitora também o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.
Mercado internacional e pacote de Trump
Investidores iniciam o mês de julho atentos ao cenário externo, especialmente à votação do megapacote de cortes de impostos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Senado. O projeto, chamado “One Big Beautiful Bill”, prevê prorrogação e ampliação dos cortes de impostos de 2017, além de aumento de gastos com defesa e segurança de fronteiras. Caso aprovado, o texto retorna à Câmara dos Deputados e segue para sanção presidencial.
O pacote enfrenta resistência principalmente dos democratas, que alegam que os cortes beneficiariam os mais ricos e prejudicariam programas sociais. Analistas destacam preocupação com a dívida pública dos EUA, atualmente em US$ 36,2 trilhões, que pode crescer ainda mais se o projeto for sancionado. Isso pode pressionar o Federal Reserve a manter juros elevados por mais tempo.
Tarifaço e negociações com o Canadá
A proximidade do fim da suspensão das tarifas impostas por Trump também está no radar. O prazo de 90 dias está prestes a expirar e poucas soluções foram alcançadas, especialmente após o Canadá cancelar seu imposto sobre serviços digitais para empresas americanas. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que as tarifas podem voltar ao patamar anterior após 9 de julho.
O mercado teme que o retorno das tarifas eleve preços ao consumidor, pressione a inflação e reduza o consumo, podendo desacelerar a economia dos EUA e até causar recessão global.
Powell e política monetária
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participa de evento no Banco Central Europeu nesta terça-feira. Ele já havia dito que o Fed aguardaria novos estudos sobre impactos do tarifaço antes de decidir sobre juros. “Os aumentos de tarifas neste ano provavelmente elevarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica”, afirmou Powell ao Congresso dos EUA. Trump criticou Powell nas redes sociais, chamando-o de “burro” e “teimoso”.
Cenário doméstico e IOF
No Brasil, o foco volta-se para as contas públicas após a derrubada do decreto que aumentava o IOF. A equipe econômica prevê redução de R$ 10 bilhões na arrecadação em 2024, o que pode levar a novos bloqueios no Orçamento 2025. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Lula acionou a AGU para avaliar se a decisão do Congresso fere a autonomia do Executivo. “Se a resposta for positiva, ele deve recorrer à Justiça”, disse Haddad.
Haddad defendeu o decreto, alegando que a alíquota anterior era superior a 6% até 2022 e que a medida visava fechar brechas em operações de crédito. Ele negou omissão de Lula e destacou que o governo pode recorrer ao Judiciário para garantir prerrogativas do Executivo.
Desempenho dos indicadores
O dólar acumula queda de 0,91% na semana, -4,98% no mês e -12,08% no ano. O Ibovespa, por sua vez, registra alta de 1,45% na semana, 1,33% no mês e 15,44% no ano.
Perspectivas
O mercado segue atento aos próximos passos do governo brasileiro para recompor receitas e à condução da política monetária dos EUA, fatores que podem influenciar o câmbio e os investimentos nos próximos meses.